José Luís Silva, Vice-Presidente do ISCAL, publicou no ECO o artigo de opinião intitulado "IA na Contabilidade: Entre a Revolução e o Risco.", no qual reflete sobre os perigos emergentes da inteligência artificial no mundo da contabilidade.
"A inteligência artificial tanto pode ser uma aliada poderosa como um risco silencioso e a forma como lidarmos com ela determinará o futuro da contabilidade." O alerta foi deixado pelo vice-presidente do ISCAL, que sublinha a importância de encarar esta tecnologia com entusiasmo, mas também com prudência.
A inteligência artificial (IA) deixou de ser apenas uma tendência e tornou-se uma realidade no mundo empresarial, com impacto particularmente forte na contabilidade. "As vantagens parecem evidentes: a IA executa com rapidez e precisão tarefas repetitivas que antes exigiam horas de trabalho humano, como a reconciliação de contas ou o lançamento de faturas", afirmou. Segundo o responsável, esta automatização liberta os profissionais de rotinas burocráticas e abre espaço para funções de maior valor acrescentado, como "a análise estratégica, o aconselhamento de gestores e a antecipação de cenários."
O dirigente destacou ainda que esta transformação veio democratizar o acesso a ferramentas avançadas: "O que antes era privilégio de grandes empresas, como as análises preditivas ou as simulações de risco, começa agora a estar ao alcance de pequenas e médias empresas." Para o vice-presidente do ISCAL, esta mudança coloca também novos desafios à academia: "Ensinar contabilidade já não pode ser apenas ensinar normas e técnicas, mas preparar profissionais capazes de trabalhar com dados, algoritmos e ferramentas digitais, mantendo o espírito crítico e a ética profissional."
Apesar das oportunidades, o responsável lembra que há riscos que não podem ser ignorados. "Se os contabilistas confiarem cegamente nos sistemas, correm o perigo de perder a capacidade de questionar resultados ou de interpretar contextos complexos. A profissão não pode transformar-se em mera supervisora de algoritmos." A ética é outro dos pontos críticos: "Os sistemas de IA não são neutros e podem reproduzir enviesamentos, gerando decisões injustas ou distorcidas."
Também a segurança é motivo de preocupação. "Os sistemas de IA trabalham com dados sensíveis de empresas e indivíduos, tornando-se alvos privilegiados de ataques informáticos. Um ciberataque não só compromete a informação como pode abalar a credibilidade das organizações envolvidas."
O vice-presidente conclui reforçando a necessidade de equilíbrio: "A inteligência artificial tem o poder de revolucionar a contabilidade, mas não substitui aquilo que é verdadeiramente insubstituível: o juízo crítico, a sensibilidade ética e a capacidade humana de interpretar contextos."