Jorge Rodrigues, docente do ISCAL - Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, publicou recentemente no Anuário da Economia Portuguesa 2025, da revista O Economista um artigo intitulado "Ética Empresarial e a Nova Globalização", onde reflete sobre os desafios e as oportunidades que a transformação digital e os novos modelos de globalização estão a trazer ao mundo dos negócios.
No seu texto, o professor salienta que a transformação digital, assente em bens públicos digitais como "software de código aberto, dados abertos, modelos abertos de inteligência artificial, normas abertas e conteúdo aberto que respeitam a privacidade e a legislação", está a alterar rapidamente a sociedade na sua globalidade e a reconfigurar os modelos de criação de valor. Esta mudança promove cadeias de valor mais curtas, personalização de processos, interação contínua entre diferentes culturas e maior agilização de procedimentos. Contudo, como sublinha Jorge Rodrigues, a recolha e o processamento intensivo de dados pessoais tornam a proteção de dados e a privacidade preocupações centrais na definição de políticas públicas.
Neste contexto, o autor defende que a ética empresarial assume um papel fundamental. "Promover a inclusão e o respeito pela privacidade de cada um contribui para que a ética no mundo dos negócios seja um pilar essencial nesta nova globalização, onde confiança e reputação se tornam ativos estratégicos", refere. A análise apresentada percorre três dimensões: no plano macro, destaca-se a interdependência entre organizações e mercados, potenciada pela digitalização, pela inteligência artificial, pela Internet das Coisas e pelo blockchain, que exigem maior transparência e responsabilização; no plano meso, a reputação e a confiança são identificadas como fatores decisivos para a fidelização de clientes, investidores e parceiros, acompanhadas pela necessidade de práticas sustentáveis e responsáveis; já no plano micro, que corresponde às relações diretas entre particulares, "a ética empresarial não é apenas uma questão moral, mas um diferencial estratégico", capaz de reduzir conflitos, garantir previsibilidade e reforçar a credibilidade das transações.
O Professor sublinha ainda a importância do respeito pela diversidade cultural e pelos direitos humanos, alertando que organizações que promovem equidade e inclusão atraem talento qualificado, capital paciente e clientes fiéis, assegurando simultaneamente crescimento sustentável. "As organizações éticas atraem talento qualificado, capital paciente e clientes fiéis, ao mesmo tempo que modelos de negócios responsáveis garantem crescimento sustentável", afirma.
Na sua conclusão, Jorge Rodrigues deixa uma mensagem clara: "Mais do que um diferencial estratégico, a ética empresarial é hoje um pré-requisito incontornável para prosperar em cenários globais, evitando riscos e reforçando a sustentabilidade dos negócios, com impacto positivo na sociedade e no meio ambiente".