O Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL) celebrou, na passada sexta-feira, dia 19 de maio, mais um aniversário – 264 anos. Para comemorar este marco, realizou-se nas instalações do Instituto uma cerimónia que contou com a presença de mais de uma centena de convidados.
O evento, que teve início às 15h30, começou com o novo vídeo de apresentação do ISCAL – conteúdo que mostra não só partes importantes do Instituto, mas também da sua visão enquanto Instituição de Ensino Superior (criar memórias, transformar a sociedade, torná-la mais sustentável, ...).
Através de um formato mais contemporâneo, com recurso a um avatar, foi o presidente do Instituto, professor Pedro Pinheiro, que deu as boas-vindas. Após agradecer a presença de todos/as os/as presentes, Pedro Pinheiro passou a mensagem de que recorrer a este tipo de conteúdo é “ir ao encontro do que é a nossa sociedade, do papel da tecnologia, do papel da inteligência artificial e, acima de tudo, de todos estes aspetos naquilo que é o Ensino Superior”. No entanto, o mesmo considera que esta não é a mensagem mais importante a passar, mas sim a importância das relações humanas perante estes novos desafios e, por isso, o presidente – que apareceu entre os convidados – começou por homenagear quatro docentes. “As primeiras palavras desta cerimónia são para relembrar quatro pessoas que tiveram um papel fundamental ao longo de várias décadas na construção daquilo que é hoje o ISCAL. Estou a referir-me aos docentes Gabriel Alves, Ana Adriano, Carlos Bernardes e Rui de Carvalho”, disse o presidente e também docente do ISCAL.
Após a apresentação inicial do que iria consistir esta cerimónia, Pedro Pinheiro deu a palavra a Elmano Margato, presidente do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL), que começou por felicitar o Instituto pelos 264 anos e afirmou: “O ISCAL possui hoje um corpo docente qualificado composto por profissionais socialmente reconhecidos, muitos detentores do título de especialista e outros com uma componente mais académica e detentores do grau de doutor. Tem sido a conjugação destes dois tipos de profissionais, com as suas competências e valências próprias, que tem marcado o processo de ensino e aprendizagem”. Elmano Margato aproveitou ainda o momento para abordar novamente a questão do novo edifício do ISCAL, a ser construído em Benfica. “Não há possibilidade de construirmos o novo edifício sem termos as nossas verbas próprias. O trabalho que o Politécnico de Lisboa tem vindo a fazer é aguardar por uma nova resolução do conselho de ministros para incremento do valor da obra. Mas isso só é possível se todas as Unidades Orgânicas do IPL estiverem convictas desse espírito de ajudar o outro. Portanto, nós continuamos a fazer o nosso esforço, a pressionar o Governo na medida do possível”, terminou o presidente.
O evento contou ainda com a participação dos órgãos de Governo, Rui Almeida, presidente do Conselho de Representantes, que abordou o tema da inteligência artificial como desafio para o ensino, e que afirmou que “São desafios grandes que o ISCAL saberá responder, com novas instalações adequadas. Estou seguro também que a tutela tudo fará para que o ISCAL consiga tomar conta deste novo desafio”. Jorge Rodrigues, presidente do Conselho Técnico-Científico, que tocou na questão da recente alteração legislativa de reforço do Ensino Politécnico (regime jurídico dos graus e diplomas de ensino superior permite que o grau de doutor possa ser conferido no ensino universitário e politécnico) e Carla Martinho, presidente do Conselho Pedagógico, que não deixou também de dar uma palavra sobre a questão das tecnologias no Ensino Superior. “O papel importante do ISCAL na educação e formação de profissionais no campo das ciências empresariais, consolidando-se como uma instituição de referência nacional e internacional, tem essa responsabilidade, proporcionar ao seu pessoal e aos seus alunos condições que lhe permitam desenvolver competências em Educação digital por forma a fazer frente aos desafios que eram os de amanhã, só que o amanhã começou ontem!”, afirmou a docente. Por fim, André Sousa, presidente da Associação de Estudantes do ISCAL, que, não deixando de enaltecer o trajeto do Instituto, realçou a importância do futuro. “Ainda há bastante a fazer! Sei que muito se falou e ainda se fala, mas também sei que nunca será demais referir que há ainda um ISCAL por construir! Está em maquete há demasiado tempo o edifício que toda a comunidade iscalina merece. E repito, merece”, acabou por dizer o estudante.
Nesta cerimónia solene marcou, também, presença Alexandre Sousa, músico da Sociedade Filarmónica União Agrícola do Pinhal Novo. O jovem brindou o público com duas apresentações musicais tocando clarinete.
O evento seguiu com a presença de três Alumnae do ISCAL - Sara Lopes, Inês Oliveira Amaral e Solange Tavares -, que abordaram a temática “Liderança no Feminino e o papel do ISCAL enquanto Instituição de Ensino Superior”. A moderar a conversa esteve Joana Frias Costa, docente na Escola Superior de Comunicação Social do IPL e presidente da associação sem fins lucrativos Inspiring Girls Portugal.
As três iscalinas deram a conhecer o seu percurso desde o ingresso no ISCAL até ao momento onde se encontram a liderar equipas em grandes empresas.
Inês Amaral está atualmente na EY, na área da fiscalidade. “Adoro dizer que estudei no ISCAL. Acho que somos mesmo uma família. É um enorme orgulho e quando temos currículos de estudantes do ISCAL, eu já sei que vão ter as competências técnicas necessárias para trabalhar comigo”, afirmou a jovem.
Sara Lopes, por sua vez, começou o seu trajeto num gabinete de contabilidade, mas atualmente tem a sua própria empresa de Contabilidade e Consultoria, “Simplifique”. Para si, “Uma boa líder tem de ter a componente humana. Ter essa sensibilidade e empatia que cada vez mais é necessário, porque as máquinas já vão ser os chefes no trabalho”.
Solange Tavares, à semelhança da oradora anterior, iniciou o caminho em contabilidade, mas foi a área da gestão que a apaixonou. “Hoje em dia estou a trabalhar na empresa Axians e estou a adorar. Muitas empresas procuram estudantes do ISCAL e uma das principais razões é por terem cursos bastante práticos e docentes que nos preparam nesse sentido”.
Questionada sobre o que é ser uma boa líder, Solange diz ser “uma pessoa que sabe ouvir, sabe aconselhar, sabe dar e receber feedback, partilhar o sucesso com a equipa, e uma pessoa que tenha bastante fator humano presente. Para que consiga tirar o melhor dos seus subordinados”.
Nesta conversa foram ainda abordados aspetos como a maternidade enquanto fator influenciador na liderança e as inspirações das convidadas.
A terminar esta celebração, contamos também com a participação do orador convidado, Gianluca Pereyra. Gianluca é CEO e co-founder da Visor AI e abordou o tema da Inteligência Artificial nas Organizações.
A evolução da tecnologia até aos dias de hoje, como é que as diferentes organizações -bancos, seguradoras, ... - utilizam a inteligência artificial nas suas operações, a responsabilidade dos modelos de inteligência artificial e ao criar conteúdo foram alguns dos tópicos que o empresário tocou. Mas foi a inteligência artificial na educação o assunto central.
“As universidades, tal como todas as outras organizações, também têm alguns processos que são mais demorados do que o desejado. Então podemos e devemos utilizar a tecnologia para acelerar esses processos. Conseguir entregar melhores análises, conseguir corrigir trabalhos ou ver testes num período mais curto e ter a inteligência artificial a ajudar nesse processo”, afirmou.
Para si, as Instituições de Ensino Superior têm de se adaptar aos novos métodos de ensino. “Atualmente damos bastante peso a um trabalho ou a um exame, mas também às suas competências, às skills interpessoais. Portanto, para além de fazer uma apresentação presencial com o professor e colegas, criar mais mesas de debate, e realmente conseguirem avaliar a capacidade que as pessoas têm para desenvolverem pensamento critico, para partilharem as suas opiniões, temos de complementar com a tecnologia”, continuou Gianluca e terminou ao dizer que “é aqui que as instituições têm de jogar com a inteligência artificial - aprender a formar as pessoas. Têm de aprender a desenvolver este tipo de pensamento critico”.
A sessão terminou com o discurso do presidente do ISCAL, que mais uma vez, referiu a importância do instituto na formação de profissionais. “Nós temos todos muito mais valor e muito mais capacidades do que aquelas que projetamos lá para fora”, disse Pedro Pinheiro. “Chegou a altura de olhar para os casos de sucesso e que temos de dar voz. É este o ADN de quem cá estuda. ADN de alguém que vai ser bem-sucedido na vida. Se há algo que eu quero ser lembrado, enquanto antigo aluno, enquanto professor e enquanto dirigente desta Instituição, é pelo facto de ter feito parte daqueles que acreditaram que esta é uma Instituição de mérito reconhecido”, continuou.
Pedro Pinheiro terminou mencionando que “sempre tivemos e temos a capacidade de fazer mais, de ir mais além” e que não esquecendo que o edifício é um dos desafios que o ISCAL tem para enfrentar, “não será por ele que iremos mais além”.
As últimas palavras do presidente na cerimónia foram de agradecimento ao professor Fernando Carvalho, anterior vice-presidente e realçou “A dedicação, o empenho, o esforço, a amizade, com que ele encarou este desafio ao longo dos últimos quase nove anos”.
